segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Escolas
domingo, 30 de janeiro de 2011
Reflexões de domingo II
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Mais um dia...
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Vieira - Teresópolis
16/01/11
Alo Amigos
vim agora de umas das áreas atingidas pelas chuvas, meu sitio fica ao lado da cabeceira do rio Vieira, a 5 km da cidade de Vieira, uma região agrícola e de morros, onde agricultores passam a cultivar no terreno plano perto do rio, ou aplainada cortando algum barranco.
A chuva deste ano deve ter sido a maior de 1 ou duas gerações, mas pelo formato das pedras o leito do rio voltou ao que era a milhares de anos. de 2 metros de largura passou a ter 100, e as pessoas que moravam neste leito tiveram que decidir entre enfrentar a enxurrada ou ficar em casa. Decisões difícieis, que decide sua vida e de sua família.
Meu sitio foi pouco afetado, por ser no topo de uma cadeia de montanhas e com 80% de mata, não tivemos enxurradas e apenas deslizamento localizado, mas muitos vizinhos perderam tudo nas águas ou nos barrancos que caíram logo em seguida, apenas para ficar em exemplo mais próximo, os caseiros perderam 6 pessoas da familia moradores na região (tios e avós) ,
a filha perdeu a casa, pois saiu 2 minutos antes dela desabar.
Vi de tudo, pessoas ajudando no salvamento e recuperação, pessoas roubando casas abandonadas mesmo de dia, pessoas conformadas e confiantes no futuro, e outras ainda paralisadas pelo choque da catástrofe.
Pude ver muita ajuda entre moradores, ajuda material chegando na cidade e mesmo sendo levada aos lugares distantes. Vi vizinhos que não se falavam dormindo sob o mesmo teto, e comendo na mesma mesa. Mãe se despedindo de filhos antes da água subir, e filhos que quase perderam a vida tentando chegar na cidade dos pais.
Não me cabe perguntar o porque de tanto sofrimento, um plano maior conduz nossas vidas e coloca tudo isto para nossa evolução, me cabe sim, ajudar no que for possível, seja materialmente ou em orações. A vida de todas as pessoas da cidade estarão fortemente abaladas e espero que com a alma fortalecida.
Wagner
24/01/11
Amigos
11o dia após o temporal da serra fluminense
Os últimos dias de sol deram vivacidade à natureza, e no meio da destruição,as pessoas apesar de tristes, estão retomando seu trabalho nas lavouras.Levando verduras e legumes nas costas ou com ajuda de pequenos tratores por caminhos e pontes improvisadas. Até onde a vista alcança estimamos que um quinto da área cultivada foi perdida.
Chegamos por volta das oito da manhã do dia 20 de janeiro. Na Terê-Friburgo, RJ 130, alguns trechos sendo desobstruídos, com meia pista. Seis a sete máquinas no centro de Vieira, com diferentes logos, trabalhando na retirada de escombros e lama, pontes sendo refeitas, linhas de telefonia e de eletricidade em recuperação.
Ao visitar conhecidos que perderam as casas, ficamos felizes pela assistência dada a esses moradores.
Cestas básicas e roupas distribuídas com fartura, trilheiros de moto indo de casa em casa onde apenas se passa por trilhas devido aos desbarrancamentos perguntando a idade das crianças, a necessidade de remédios e voltando em seguida com os medicamentos, fraldas, leite, brinquedos. Soldados do exército retirando a lama de casas, cruz vermelha e veículos 4X4 de voluntários circulando e distribuindo víveres e água mineral. Assistência não está faltando.
O antigo posto foi destruído, por isto um provisório foi instalado em uma escola municipal, médicos e enfermagem atendendo a todos, fornecendo remédios e vacinando contra tétano.
Difícil está sendo conseguir máquina para desobstruir vias vicinais. A solução costumeira dos vizinhos se unirem num trabalho de mutirão desta vez não é possível porque os troncos a serem retirados são muito grandes. Não há máquina particular disponível para ratear o custo. A solução foi correr atrás de máquina do poder público, o que só ocorreu hoje.
A energia elétrica voltou em 7 dias, proporcionando o conforto de água gelada, banho quente, roupa lavada na máquina, iluminação à noite, rádio e televisão. A telefonia demorou mais e não está totalmente restabelecida. Nos momentos em que está funcionando possibilitou ter notícias de parentes e amigos, alguns que se julgavam perdidos.
As atitudes tem sido as mais variadas. Desde aquele que agradece ajuda porque já a recebeu e naquele momento não precisa até o que acumula doações para vendê-las. O dono de supermercado que abriu um caderninho de fiado, para suprir as necessidades imediatas dos seus fregueses, aquele que fechou as portas e demitiu funcionários pois suas vendas ficaram quase nulas, e o que aumentou demasiadamente os preços de arroz e feijão, sendo autuado pela polícia.
Percebe-se a falta de informação das pessoas do local. O rio Vieira parece ter retomado seu curso natural, desviando-se em muitos metros do caminho que tinha recentemente. Depois de uma semana sem chuva voltou a correr em seus dois metros de largura, mas deixando uma margem de aproximadamente 50 metros para cada lado cheio de pedras. È como se ele estivesse cansado de ficar tão apertado nos últimos 100 anos, e retornou ao tamanho original de milhares de anos....
Tidas como terras particulares, os donos pretendem aterrar as margens e voltar a plantar e mais tarde construir, ainda há terrenos cedendo, casas debaixo de voçorocas que a cada ano aumentam, e nesta enxurrada em particular, transformaram-se em gargantas, sem que as pessoas se convençam do perigo que correm.
Neste momento a pressão por moradia é enorme, a maioria das famílias desabrigadas está vivendo com parentes, outras em abrigos.
O tempo que cura feridas, também faz esquecer os perigos. Vivemos em uma época de extremos, a superfície vegetal nunca esteve tão devastada e a chuva tão intensa. Se algumas áreas que não eram de risco desabaram, as de risco desabaram todas.
Na região serrana todas as pessoas foram atingidas pela chuva de 12 de janeiro, seja pela perda de parentes ou amigos, pelas perdas materiais, ou pelo sério impacto econômico que já se faz sentir na região. A corrente de solidariedade se fez sentir em cada necessitado, a capacidade de recuperação dependerá do poder público, de cada indivíduo atingido, e daqueles que contribuíram para amenizar suas perdas.
A natureza não está reagindo contra nós, apenas retornando o que mudamos ou retiramos dela, cabe a nós aprendemos a conviver com ela, e nisto não estamos nos saindo bem.
Wagner
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Uma segunda quase normal
domingo, 23 de janeiro de 2011
Reflexões de domingo
sábado, 22 de janeiro de 2011
Miséria
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Encaminhando mais um comentário
carla moura para mim
mostrar detalhes 10:16 (14 horas atrás)
Oi Paulinha,
entendo perfeitamente o que sente. Escrever é uma maneira de exteriorizar todo esse sentimento que mistura tristeza, amor, raiva, angústia, solidariedade, etc... Nos sentimos impotentes diante do caos.
Nesta semana escutei estórias de todos os meus amigos sobre Teresópolis. Todos tinham uma situação de perda, morte de pessoas próximas e dor. Vários tinham ido a enterro de pessoas conhecidas. Pensei, o que está acontecendo? Parece que todos estamos direta ou indiretamente envolvidos nesta catástrofe. Como sempre procuro buscar respostas para minhas perguntas. Só consigo chegar a conclusão, dentro da minha crença, que isso ocorreu para a gente acordar.
O que estamos fazendo com os nossos valores, com o nosso amor ao próximo, com os nossos sentimentos. Estamos nos tornando cada vez mais individualistas e pobres de espírito. Essa corrente de solidariedade nos faz perceber que ainda existe chance para um mundo melhor, mais fraterno e de compaixão ao próximo.
Devemos neste momento olhar para dentro de nós e perguntar, o que eu vim fazer aqui nesse mundo?
Continue escrevendo, além de ser uma ótima jornalista, uma excelente veterinária, é um ser humano maravilhoso.
Bjs e boa sorte nessa empreitada.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Hoje
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Enaminhando outro comentário
Não sei ainda como alterar a postagem de comentários, mas basta clicar na palavra "X" comentários, abaixo do texto.
Obrigada a todos pela participação!
José Manuel Resende para mim
mostrar detalhes 09:35 (14 horas atrás)
Cara Amiga,
Desde que ouvi os primeiros comentários da tragédia, tua imagem não mais saiu do meu pensamento e se não te liguei antes foi por medo da resposta (ou não resposta).
Todos estes dias tenho tentado compreender a impotência e a distância que sinto perante tal acontecimento e só a resignação restava para aliviar essa incapacidade do pensamento.
Senti esse silêncio profundo que falas, no ano passado, quando a tragédia também passou por Angra e muito ligeiramente pudemos sentir os efeitos causados, em nossa própria comunidade.
Essa sensação que descreveste fez desaparecer a abstracção que sentia, para dar lugar agora à partilha de um sentimento comum.
Ao silêncio onde está o teu, junto o meu, porque os apelos têm de ser feitos sem voz para que sejam ouvidos ou se perdem em promessas e demagogias.
Escrever é silêncio e te agradeço a perpetuação desta reflexão que jamais será apagada da minha memória, carregando para sempre a lição da tua atitude.
O que sobra de uma desgraça só tem sentido se transformado na maior capacidade do ser humano: dar.
Obrigado por partilhares teu sofrimento comigo.
Estou totalmente disponível para contribuir para qualquer necessidade pessoal e profissional, uma vez que a área de arquitetura pode ser necessária para algum fim.
Peço-te que não esqueças.
Abraço
José Manuel Resende
Mais um dia
Encaminhando uma resposta...
Paulo Stewart para mim
mostrar detalhes 06:12 (1 hora atrás)
Paula, tentei postar comentário mas nao consegui. Pessoas como voce fazem a diferenca e nos dao a esperenca de um mundo melhor.
Agora e hora da solidariedade, da superacao, do heroismo. Mas, o "mais importante" e cobrar pelas mudancas necessarias para que este tipo de tragedia nao ocorra - ao menos jamais nestas proporcoes. A natureza esta respondendo ao que o proprio homem fez, e continua fazendo. É preciso agir para mudar! E a mudança vem de duas formas: consientização individual e pressao da sociedade junto ao governo - contra desmatamento, construcao irregular, ocupacao de áreas preservadas e tantas outras coisas. Chega de demagogia política! Agir para mudar incomoda muita gente, mas é preciso, mais do que nunca.
Conte comigo, no que eu puder.
Bjs
Enviado pelo meu aparelho BlackBerry da Claro
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Os dias seguintes
domingo, 16 de janeiro de 2011
O início.
Acordei no dia 12 de janeiro, depois de uma noite de MUITA chuva, ao som do gerador de energia do prédio da frente. Saindo para trabalhar, o sinal da esquina não funcionava, estávamos sem luz. Por ser muito cedo, achei que devia avisar à Guarda Municipal, que me informou que os acessos estavam muito complicados, mas eles já sabiam do problema. Bom, seguindo o meu caminho pela Prata, vi as inúmeras barreiras no morro do lado direito da Faculdade. Nunca tinha visto igual. Acesso interditado na Prata, voltei pela Rio-Bahia, acesso interditado também. Sintonizei o rádio do carro na Band News FM, e o Boechat já começava a narrar o início da história. Mortes em Friburgo, mortes em Teresópolis. O número só aumentava. Depois de liberarem uma pequena faixa na Prata, cheguei ao Haras. Tudo bem por lá, mas em Venda Nova, no Imbiú, em Sebastiana.... meu Deus! Os ônibus não estão circulando. Vieira acabou! Os relatos começavam a chegar pelo meu celular, que era o único que funcionava. As pessoas ligavam horrorizadas com as cenas na TV, e nós ainda não tínhamos idéia.
Achei melhor cancelar a ida à Itaipava, onde eu trabalharia de tarde. Sem comunicação, telefones quebrados. Começavam as notícias de lá. Situação muito delicada no Vale do Cuiabá. Cavalo desaparecido, gente morta, raia desabada, perdas materiais enormes. Liguei para o Zeka, não querendo ouvir a resposta - Manège Domar, mais uma vez, arrasado. Pior que da outra vez. Vários cavalos sumidos. Meu Deus! Catástrofe. Ainda assim, eu não tinha noção. Só mais tarde, quando vi o jornal na TV. Caramba. O primeiro dia foi apenas tentando notícias do Cuiabá, tentando saber quem estava vivo. Sabíamos que o Miguel (segundo gerente da Juliana) e o filho do Rogério tinham morrido. Os outros todos estavam vivos, Reisinho tinha se salvado, salvado heroicamente a família e alguns vizinhos, e perdido tudo o que tinha na enxurrada. Noite de horror. Muitos cavalos sumidos, alguns mortos, muitos machucados. A última notícia da noite, os nossos vivos.
Bom, primeira providência do dia seguinte: tentar chegar no Cuiabá. Saímos às 5 da manhã, eu e meu super Pai, com o carro cheio de água, comida, roupas e remédios. Descemos a serra para o Rio, subimos a serra para Petrópolis, e entramos na estrada que liga Itaipava a Teresópolis. Eu já estava ficando impressionada. Ao entrar no Vale do Cuiabá, um local de casas magníficas, lindos campos verdes com ovelhas, cavalos e linda paisagem - o choque total. Devastação, lama, lixo, árvores caídas, casas pela metade, ou só o piso, carros empilhados, pessoas andando a esmo, pés descalços, roupa molhada, rasgada, cheia de lama. Olhos tristes, cheios de lágrimas. Desesperança no local que se chama, por ironia do destino, Vale da Boa Esperança. Deixamos o carro, pegamos alguns litros de água e andamos 4 km por cima de entulho, atolando na lama até os joelhos, ficando cada vez mais horrorizados com a cena. Estaríamos em um filme? Seria um pesadelo, do qual eu não tinha acordado?
Depois de quase 2 horas caminhando, vi o primeiro cavalo solto. Depois fui saber que era o Selo Galante - todo machucado, cheio de escoriações. Aumentava o pavor. O som era das marretadas para quebrar as paredes das baias obstruídas pela lama, cavalos relinchando e andando com água pelos joelhos dentro dos boxes. Alguns cavalos soltos, uma égua deitada exausta. Por onde começar? Como fica a nossa impotência diante dessa cena? Fomos para a casa onde estavam as pessoas. Exaustão, dor, tristeza, desespero nos rostos de cada um. Logo chegou o helicoptero enviado pelo Jóquei com mais veterinários, remédios, comida. Começamos a trabalhar, e vimos que tínhamos muito pouco a fazer - era uma fábrica de antitetânica, antibiótico e antiinflamatório. Oito eutanásias. A força vinha de um lugar muito fundo do peito. Não é hora de chorar ou de lamentar. É hora de agradecer pela vida e ajudar.
Ajudar, ajudar, ajudar. Assim seriam os próximos dias. Ajuda chegando de todas as direçoes, indo para todos os cantos. Com muita ajuda de todos, os cavalos foram finalmente retirados do CT, iniciando o resgate apenas no final do 3o dia da tragédia. O Pedrão, ginásio da cidade, lotado de gente desabrigada, gente ajudando e mantimentos chegando. Decidi que o melhor a fazer seria levar o que eu recolhia para os locais mais afastados. Aqueles onde tinham acabado de abrir algum acesso. E assim passei os dias seguintes - recolhendo roupas, doações, água, comprando pão, sardinha, salsicha, leite, e levando tudo para a roça.