domingo, 13 de março de 2011

Buracos em Terê

















Estes são apenas alguns dos buracos que eu fotografei hoje pela manhã em Teresópolis. A maioria das fotos foram feitas na Reta, principal avenida da cidade. Tem ainda algumas outras perto do Hospital das Clínicas, na Prata, perto da Faculdade de Veterinária (onde ainda tem terra de barreiras que caíram em 12/01) e na Manuel Lebrão, pegando a Rio-Bahia perto da APAE.
Não sei o motivo para tanto descaso com a cidade. Está tudo um horror. O dinheiro, todos sabemos que entra. A saída é que é duvidosa. No momento em que a cidade deveria ser mais cuidada para tentar atrair mais turistas, está parecendo um lixão. Um verdadeiro horror!




sexta-feira, 11 de março de 2011

Japão x terê

Que tragédia no Japão! Nossa, fico imaginando o que as pessoas que estão lá ao vivo e a cores não devem estar vendo e passando. Quanta gente morta, quanta tristeza. Me pergunto também se lá eles irão mentir a respeito do número de mortos, se a população vai ficar abandonada, se o prefeito vai transmitir a impressão que ele está aproveitando a grana que entra fácil pelo estado de calamidade decretada para tirar umas férias e sumir da cidade...
Hoje estamos completando 2 meses de tragédia na nossa região. Hoje fui a Conquista e voltei observando cuidadosamente a região de Vieira. Como é lenta a reconstrução! Vi muitas casas pintadas, lavadas, refeitas. Mas ainda tem muita coisa em escombros. Tem muita coisa sendo reconstruída, ainda tem algumas lojas fechadas. Ainda vemos placas do estilo do Pesqueiro - "Restaurante fechado. Estrada bloqueada". Mas vi bastante obra. As mulheres que já trabalhavam aos montes nas lavouras, agora também trabalham em obras. Os tratores ainda estão na limpeza da terra que, acreditem, ainda está nos cantos das rodovias. Ainda tem muita lama que já foi lama, já foi poeira e agora voltou a ser lama já que estamos entrando no décimo dia consecutivo de chuva.
Quero ver a comparação da reconstrução das cidades atingidas no Japão e da nossa região. Quero ver a comparação do respeito com que vão tratar os mortos e desaparecidos de lá com os de cá.
Quero ver a comparação da atitude dos governantes de lá com os de cá.
Quero ver o que o mundo vai achar disso, e quero ver o tamanho da vergonha que será quando essas comparações forem feitas. Vai ser do tamanho do tsunami...

segunda-feira, 7 de março de 2011

Reflexões de carnaval


Como falei no primeiro post, eu sabia que não conseguiria escrever diariamente por muito tempo. Ultimamente nem tenho conseguido participar dos eventos importantes na cidade. Teve o I Fórum Nacional de Prevenção e Gerenciamento em Eventos Extremos, organizado pelo CEAT e não pude ir. Estou de mudança, e isso consumiu o meu tempo (livre e não livre!) durante vários dias. Mas li a Carta de Teresópolis, resultado do Fórum. Seria muito bom que tudo que é colocado na carta fosse de fato atendido.



Hoje uma tia minha, que mora em São Paulo, me perguntou se eu achava que as coisas já estavam tomando um rumo. Acho que bastante coisa já tomou um rumo. E vejo ainda muita coisa e muita gente perdida, totalmente sem rumo. Cada vez que vou a Santa Rita ainda me espanto com o que vejo. Nunca entrei no Campo Grande, mas acho que não vai ser diferente do que eu já vi que significa quando se diz que "não sobrou nada". Mas vejo as lavouras retornando, gente reconstruindo casas, lojas reabrindo. A escola de Ponte Nova só agora está começando a ser limpa novamente. Os alunos que sobraram foram transferidos para a escola de Serra do Capim. Ainda tem os escombros das casinhas que foram arrastadas. Não queria mesmo que daqui a anos esses mesmos escombros permanecessem lá. Não é apenas uma questão de estética. É uma questão de amor próprio. O astral melhora quando o ambiente está limpo, bonito, arrumado.


Em Sebastiana já pararam com a distribuição de cestas básicas. O que no início foi ajuda essencial, estava começando a atrapalhar o desenvolvimento e a retomada a uma normalidade. Com ajuda privada, as lavouras já estão começando a ter condições de voltar a trabalhar. Mas a mão de obra estava faltando. Muita gente em casa, abastecido por ajuda externa, e com isso aumentando o etilismo. Outro dia parei para uma água num barzinho/armazém na beira da estrada em Vieira e soube que a moça que trabalhava lá estava em casa com depressão desde a enchente. Me dei conta que sempre achei que depressão fosse um problema de rico, e não de pobre. Também soube de crianças que estão com problemas na volta às aulas, pela perda de amiguinhos.


No início falaram na desapropriação da Fazenda Ermitage. Depois falaram que não seria possível. No final das contas, não sei o que foi decidido. Onde serão construídas as casas para os desabrigados, para as pessoas que moravam no Bairro de Campo Grande, que no último censo tinha 6 mil habitantes. Então decidi entrar no site da Prefeitura de Teresópolis para tentar descobrir alguma coisa. Para minha surpresa, a última atualização da parte de "Central de desaparecidos" foi no dia 25 de janeiro. Não sei mesmo porque isso me espanta. Praticamente 2 meses depois da tragédia, o caminho da Prata ainda está interditado. Simplesmente interditado, já que passo lá diariamente, em diferentes horários, frequentemente mais de uma vez ao dia, e nunca vi uma máquina trabalhando lá. Todos os carros tem que passar pelo acesso lateral (rua do Detran), que vai dar em uma obra na Rio-Bahia (contenção de uma encosta enorme, obra da CRT), e forma-se uma fila enorme de carros diariamente. Nunca vi a cidade tão esburacada em suas vias principais, nunca vi tanto abandono. Acho no mínimo desrespeitoso e ridículo esse número de "373 mortos e cento e poucos desaparecidos".



Também em alguma postagem anterior, falei que talvez tudo já tivesse sido esquecido quando o carnaval chegasse. A Prefeitura cancelou o carnaval na cidade. Era só mesmo o que faltava, a essa altura gastar mais dinheiro com um desfile (que sempre é horroroso), shows e festas. Chove há mais de uma semana. O tempo ficou cinza e frio. Acho que o carnaval foi uma pausa para todos respirarem e pegarem fôlego para o ano finalmente começar.